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Somália: cerco a terroristas em hotel acaba com ao menos 21 mortos e libertação de 106 reféns

Forças de segurança somalis puseram fim na noite deste sábado (20) a um ataque sangrento executado por combatentes extremistas do grupo Al Shabab contra um hotel na capital do país, Mogadíscio, que se prolongou por 30 horas e matou ao menos 21 civis. Mais de 100 reféns foram libertados ao final da operação policial, que resultou na morte dos terroristas.

O Hotel Hayat ficou demolido após o ataque.
O Hotel Hayat ficou demolido após o ataque. AP - Farah Abdi Warsameh
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Os jihadistas do Al Shabab, grupo vinculado à rede Al-Qaeda, invadiram a tiros e bombas o popular hotel Hayat, permanecendo entrincheirados em seu interior da noite de sexta-feira até a madrugada desde domingo. Dezenas de pessoas ficaram bloqueadas quando o ataque começou, inclusive crianças.

Pouco antes do fim do cerco, uma testemunha que acompanhava os acontecimentos da sacada de outro prédio, Salaad Ali, disse que as forças de segurança estavam atacando "com armas pesadas".

"Parte do hotel está em chamas, houve pelo menos duas fortes explosões e várias outras de menor escala", acrescentou Ali. "Podemos ver as chamas das armas utilizadas, o fogo, e ainda podemos ouvir disparos esporádicos", acrescentou.

O edifício ficou destruído pelas explosões e as ruínas serão inspecionadas para retirar possíveis bombas que tenham sido colocadas ali, informou um oficial à AFP, que preferiu não revelar sua identidade. Um balanço ainda provisório indica que 117 pessoas ficaram feridas.

Este foi o maior ataque em Mogadíscio desde a eleição, em maio, do novo presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud.  

O telhado do hotel Hayat em Mogadíscio foi completamente destruído, após os combates entre as forças de segurança e os rebeldes do Al Shabab.
O telhado do hotel Hayat em Mogadíscio foi completamente destruído, após os combates entre as forças de segurança e os rebeldes do Al Shabab. AP - Farah Abdi Warsameh

Crianças escondidas no banheiro

O Al Shabab, grupo ligado à rede Al-Qaeda que há 15 anos luta contra o governo da Somália, reivindicou o ataque no sábado. Abdiaziz Abu Musab, porta-voz do grupo, assegurou em declarações à rádio Andalus que suas forças ainda controlavam o hotel e que tinham "causado muitas baixas".

Uma mulher, Hayat Ali, disse que as forças de segurança encontraram três crianças com idades entre quatro e sete anos escondidas em um banheiro do hotel e em estado de choque. Outro sobrevivente disse à AFP que ele e alguns colegas estavam rezando à noite, antes de tomar chá em um dos espaços abertos do hotel, quando ouviram as primeiras explosões.

"Eu me virei para correr para uma porta de saída próxima, longe dos terroristas", disse Hussein Ali à AFP. "Começaram a atirar e pude ouvir os disparos atrás de mim, mas graças a Deus (...) conseguimos escapar. "Os que preferiram se refugiar dentro do edifício, inclusive um dos meus colegas, morreram", acrescentou.

Os aliados da Somália, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha e Turquia, assim como a ONU, condenaram duramente o ataque. A ATMIS, força da União Africana encarregada de ajudar as forças somalis a assumir a responsabilidade da segurança até o fim de 2024, expressou sua "solidariedade com o governo federal da Somália para continuar com a luta conjunta contra os terroristas".

Cedo para negociação

Neste sábado, outro ataque deixou 20 feridos, entre os quais crianças, em um disparo de projéteis de morteiro que impactaram o bairro de Hamar Jajab, situado em frente ao mar, declarou à AFP o delegado distrital, Mucawiye Muddey. Mohamed Abdirahman Jama, um diretor do principal hospital de Mogadíscio, afirmou que no local eram atendidas ao menos 40 pessoas feridas nos dois ataques.

Os atentados ocorrem depois que os Estados Unidos anunciaram, na quarta-feira (17), terem matado em um ataque aéreo 13 milicianos do Al Shabab, que combatiam as forças regulares somalis ao redor de Teedaan, cerca de 300 quilômetros ao norte de Mogadíscio e perto da fronteira com a Etiópia.

Em maio, o presidente Joe Biden decidiu restabelecer a presença militar americana na Somália, revertendo a decisão de seu antecessor, Donald Trump, que havia ordenado a retirada das tropas. Os militantes do Al Shabab foram expulsos de Mogadíscio em 2011 por uma força da União Africana, mas ainda controlam grandes partes do território e têm capacidade de executar ações letais contra alvos civis e militares.

O novo presidente do país disse, no mês passado, que não será possível vencer os milicianos com o uso exclusivo da força militar, embora tenha ressaltado que ainda não é o momento para uma negociação.

Com informações da AFP

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