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Seca coloca Somália à beira de uma catástrofe e risco de fome é real, diz ONU

A ONU alertou nesta segunda-feira (5) para o risco de fome na Somália, onde a seca provoca a alta dos preços dos alimentos. De acordo com a Organização das Nações Unidas, a situação pode se agravar entre outubro e dezembro em várias regiões do país.

Burro de carga aguarda carregamento de água durante uma entrega coordenada pela Organização Não-Governamental  Save the Children, em  Kubdisha.
Burro de carga aguarda carregamento de água durante uma entrega coordenada pela Organização Não-Governamental Save the Children, em Kubdisha. AFP - YASUYOSHI CHIBA
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"Estamos à beira de uma catástrofe na Somália", disse Martin Griffiths, chefe do Escritório para Coordenação de Causas Humanitárias, durante uma entrevista coletiva em Mogadiscio, capital do país. Ele declarou ter indicações "concretas" de que a fome atingirá, nos próximos meses, principalmente dois distritos do sul do país: Baidoa e Buurhakaba. "Este é um último alerta", declarou.

A região do Corno da África enfrenta sua pior seca em 40 anos. A situação atual é parecida com a de 2010 e 2011, mas pode ser considerada até "pior" agora, disse o representante da ONU, após quatro estações consecutivas de pouca chuva e décadas de conflitos no país. A fome que atingiu a Somália em 2011 deixou mais de 250 mil mortos, a maioria crianças.

O novo representante da ONU no país chegou nesta quinta-feira (1) e se disse "profundamente chocado pelo nível de dor e de sofrimento dos somalis. Ele disse ter visto crianças tão malnutridas "que mal podiam falar", durante uma visita a Baldoa, epicentro da catástrofe. As condições de seca extremas podem durar até março de 2023, alertou. 

Hotel atacado pelos radicais do grupo Al Shabab, na Somália, em agosto.
Hotel atacado pelos radicais do grupo Al Shabab, na Somália, em agosto. © AFP - DENIS CHARLET

Em todo o país, cerca de 7,8 milhões de pessoas, o equivalente a metade da população, estão sendo afetadas por uma seca histórica: aproximadamente 213 mil correm risco de fome, segundo dados da ONU. Para complicar ainda mais essa situação, há 15 anos, o país enfrenta a insurreição dos islamitas radicais Al Shabab. O envio de ajuda é impossível para as zonas rurais controladas pelos radicais, vinculados à rede terrorista Al-Qaeda, que lutam contra o governo federal.

A Somália é um dos países africanos mais afetados pelas fortes secas.
A Somália é um dos países africanos mais afetados pelas fortes secas. UN Photo/Stuart Price

Calamidades

A seca dizimou os rebanhos, cruciais para a sobrevivência de uma população majoritariamente dedicada ao gado, e as plantações foram atingidas por uma invasão de gafanhotos no Corno da África, entre o final de 2019 e 2021.

As consequências da pandemia de Covid-19 (lockdown, comércio limitado, etc.) tornaram ainda mais precária a vida de muitos somalis. Nos últimos meses, a invasão russa da Ucrânia teve consequências dramáticas para o país, cujo abastecimento de grãos depende em 90% destes dois países.

Diante da multiplicação de emergências humanitárias (Iêmen, Afeganistão, Ucrânia, entre outros), os vários apelos feitos por ONGs e pelas agências da ONU para evitar uma tragédia - na Somália e em todo Corno da África (Etiópia, Quênia) - tiveram pouca repercussão.

(Com informações da AFP)

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